Um filme de Almodóvar sempre é uma boa pedida para sair da mesmice.
Seja pela temática polêmica, roteiro, trama ou direção suas "películas" fogem do convencional.
"A Pele que Habito" é mais um filme do diretor espanhol que pega de jeito o amante da Sétima Arte.
A escolha do título, por si só, já é especial...
Ora, todos temos pele, e, sem ser apelativo, o filme nos lembra que todos temos amor à própria pele.
Notável a capacidade de Almodóvar de transitar com desenvoltura da bioética à biopolítica, sem deixar as questões passionais â margem.
A pele da "película" é transgênica, por isso mais resistente à dor e às doenças transmissíveis.
O filme pode ser visto como uma parábola sobre a submissão das pessoas ao método e à experimentação científica.
O que transparece na história é que um cientista não é neutro, assim como a ciência também não.
Sempre paira no ar a questão posta por Almodóvar: até que ponto a ciência pode ir em busca da imortalidade sem o risco de sermos expulsos do paraíso?
Porto Alegre, 15 de julho de 2021.
Imagem: cena do filme, Pinterest
Edu Cezimbra
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