O cenário é o mesmo, seja à direita ou à esquerda (mesmo no centro): uma sala de conferências, com um “palco-púlpito” mais alto que a sala com cadeiras dispostas linearmente feito linha de montagem, um sistema de som possante para amplificar uma voz -e tão somente uma -, para reforçar o papel passivo do expectador do espetáculo que se desenrolará à sua frente. Perfeito para ficar “por cima” no palco.
Agora o cenário está montado, seja para um fórum de direita ou um fórum de esquerda, seja para uma conferência sobre cultura erudita ou cultura popular, mas seguirá sendo uma palestra, digo mais, um discurso monológico, em que apenas o orador detém o poder de amplificar suas palavras de ordem.
Sei bem, o caro leitor já cansou apenas com a descrição de mais um evento público em que logo estará divagando enquanto o esforçado professor, conferencista ou candidato a um cargo despejará em jorros suas palavras iluminadas a um público apagado, apático e cansado com tantos discursos.
A maioria dos encontros com este formato acadêmico tendem a não dar em nada (o que talvez seja o objetivo inconfessável dos mesmos). Em congressos científicos é comum ouvir que o mais produtivo são os encontros de corredor nos intervalos da programação, que alguns apelidaram de “rádio corredor”.
A exceção são palestrantes treinados, políticos e pregadores carismáticos que conseguem captar a atenção da plateia com dotes histriônicos para vender seu peixe através de técnicas manipulatórias da consciência.
Como dentista comunitário e ativista social logo me dei conta que se eu seguisse atuando desta forma acadêmica o que eu conseguiria seriam mais olhos opacos, cabeças viradas para a janela e bocejos discretos, quando não uma soneca em plena sala de aula ou auditório.
Empenhei-me, então, em encontrar maneiras de tornar mais proveitosas as reuniões e encontros que produzia e atuava muito imbuído já da proposta de convivialidade do sociólogo Ivan Ilich, autor de várias obras questionadoras do establishment.
Ler mais: https://educezimbra.wordpress.com/2015/12/22/a-arte-de-educar/
Porto Alegre, 29 de julho de 2021.
Imagem: Teatro do Oprimido
Edu Cezimbra
Nenhum comentário:
Postar um comentário