Foi um encontro absolutamente inesperado. Não se viam há muito, muito tempo...
Mesmo na penumbra do imenso auditório Léo sentiu a presença de Cléia.
Quando pegou seu crachá (mais para chamar sua atenção) confirmou que era sua colega de ginásio.
- Cléia!
Ela também não escondeu sua surpresa e excitação em rever Léo após mais de quarenta anos...
Sentaram juntos e entabulararam uma animada conversa ao pé do ouvido com os corações batendo forte.
Aos cochichos contaram um ao outro o que estavam fazendo, sobre os anos que não se viam com o cuidado de não tocar em seus casamentos.
Descobriram muitos interesses em comum, embora em profissões bem diferentes, amigos e conhecidos em comum, enfim, muitas afinidades.
Saíram juntos ao final da conferência sem conseguir ou tentar disfarçar a excitação recíproca.
Queriam ficar juntos, lado a lado, quase se dando as mãos...
Parecia um desses encontros plenos de promessas.
Mas como é irônico o destino: talvez pela empolgação e excitação, Léo ao se encontrar com um conterrâneo começou a discutir em altos brados, ofendido por uma observação sarcástica desse conhecido.
Uma bobagem, pensou depois, um chateado Léo.
Ao se acalmar, percebeu Cléia ao longe, misturando-se à multidão nos longos corredores da universidade.
Sentiu naquele instante que tinha jogado fora a oportunidade de reatar os laços de um amor platônico adolescente que não esquecera.
Como são as coisas da vida, reflete Léo, nunca estive tão perto de Cléia e até parece que foi só para empurrar ela para bem longe, onde sempre esteve em todos esses anos.
Já Cléia ficou muito assustada e envergonhada com a reação destemperada do antigo colega, tanto que bateu em retirada sem olhar para trás.
E pensa aliviada: - do que eu escapei...
Porto Alegre, 17 de fevereiro de 2017.
Edu Cezimbra
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