- Eu sei pouco, eu apenas sei - lembro-me destes versos de Pablo Neruda - mas neste mundo eu sempre sou e serei partidário dos pobres. Sempre serei partidário dos que não tem nada e até a tranquilidade do nada lhes é negada.
Federico García Lorca é o autor da citação acima.
Após sua leitura fiquei a matutar: por que nunca se fundou um partido com tal nome?
Podiam fazer uma pesquisa de opinião, afinal tem até partido dos aposentados (sim, seriam concorrentes da mesma faixa do eleitorado, sei...).
- Senhor, o senhor apoiaria a fundação do Partido dos Pobres?
- Tá me achando com cara de pobre, meu filho? Mais respeito!
- Senhora, a senhora seria a favor da fundação do Partido dos Pobres?
- Deus me livre, já tem tanto pobre no Brasil!
- Moça, moça, o que tu achas de formar o Partido dos Pobres?
- Pobre é quem me chama, sai fora, comunista!
- Meu jovem, tu apoiarias a formação do Partido dos Pobres?
- Vaza, meu! Pobre é a tua mãe!
Embora fruto da imaginação do escritor, temo que estes "diálogos" estariam próximos da realidade brasileira, a julgar pelas filas quilométricas nas lotéricas ou pela quantidade de candidatos a um cargo político.
De mais a mais, pobre no Brasil é a classe social mais vulnerável, sujeito à violência da parte de policiais e dos bandidos e o Partido dos Pobres não escaparia de ser perseguido implacavelmente.
Até o Pepe Mujica disse que não é pobre, sem falar do slogan de um passado governo federal: "País rico é país sem pobreza".
Pensando bem, com tanto pobre votando em rico talvez apoiassem mesmo a fundação do Partido dos Ricos...
Porto Alegre, 2 de junho de 2017.
Foto: Correio Braziliense,
tapeçaria de Di Cavalcanti, Os Músicos
Edu Cezimbra
Nenhum comentário:
Postar um comentário