“Os
animais de que o príncipe deve seguir os exemplos são a raposa e o
leão. O primeiro tem fracas defesas contra o lobo, e o outro cai
facilmente nos laços que lhe armam. Com a primeira aprenderá
príncipe a ser ardiloso, com o segundo a ser forte. Os que desprezam
o papel da raposa nada percebem do assunto; por outras palavras, um
príncipe prudente não pode nem deve cumprir a sua palavra senão
quando lhe é possível fazê-lo sem se prejudicar e as
circunstâncias em que fez o acordo ainda subsistam.”
Uma
raposa lia deleitada “O Príncipe” de Maquiavel, pois, sabemos, ninguém
deixa de se embevecer quando é lembrado como exemplo.
Eis
que se aproxima um lobo faminto e a apanha distraída com a leitura.
-
Hah! Apanhei-te raposa! Cuidei
que estavas distraída com a leitura desse livrinho e aproveitei-me
da ocasião…
-
Meu caro lobo, estava a ler justamente sobre a tua força e poderio e
eis que a comprova com tua ação fatal, - ganiu a raposa
apavorada.
O
lobo, que não lia, mas não era bobo, quis ver para crer.
-
Onde está escrito sobre mim?, rosnou feroz e
desconfiado.
-
Se vossa lobência permitir que eu me desvire poderei mostrar-te a
página em que és elogiado por ser forte.
Nesse
momento, um leão que por ali passava “casualmente” ouviu o
debate entre a raposa e o lobo rugiu:
-
Quem aí está falando de mim?!!
Foi
o que bastou para o lobo e a raposa saírem em disparada floresta a
dentro.
O
leão escarrapachou-se
preguiçosamente e, sem dó nem piedade, fez picadinho com suas garras e presas do “Príncipe” que a raposa estava a ler.
Moral
da história: contra a força e a ignorância não há livro que
resista.
Porto Alegre, 3 de outubro de 2018.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra
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