Encostada na parede de uma oficina mecânica, uma roda rodava a baiana com um motor pendurado em correntes.
- Viu no que deu esta sua mania de acelerar? Agora estamos aqui, parados, nesta oficina sebosa!!!
O motor que era flex, roncou:
- Deixa rolar, Dona Roda, que logo estaremos de novo com o pé na estrada - ironizou.
A roda, toda cheia de importância, reagiu:
- Pé na estrada?!!! Quanta asneira - roda na estrada -, por favor!!!
-É só a força de expressão de um motor, Dona Roda!- riu-se o motor da própria tirada.
- Pois sim, se dependesse do pé, nós nem estaríamos aqui - insistiu triunfante a roda orgulhosa - mas na Idade da Pedra!
O motor, que gostava de falar alto, explodiu:
- Ora, e se dependesse de ti, ainda estaríamos na Antiguidade, puxados por carros de boi ou em bigas.
- Estaríamos, vírgula, tu nem eras nascido nesta época épica, não fale do que não sabe, seu motorzinho de uma figa!
O motor subiu a rotação e aumentou o tom da discussão:
Ah é, ah é?... Pois se não fosse a minha invenção, estarias dando voltas e mais voltas sem sair do lugar!
- Ora, seu motorzinho 1.0, não fosse a minha descoberta, ainda estarias descaroçando algodão!
Perto dali, um eixo cochichou para um freio:
- Vou botar o eixo nesta roda enquanto tu botas freio neste motor, senão nunca mais vamos sair desta oficina mecânica.
Ao que o mecânico lembrou:
- Só saem se pagarem o conserto!
Moral da história: a roda da história gira se o motor é o da luta de classes.
Porto Alegre, 25 de novembro de 2019.
Imagem: Laurel e Hardy, Google
Edu Cezimbra
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