quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A Estranha Nação de Rafael Mendes


A cada vez que abro um livro diferente também abro a porta da imaginação, atravesso as fronteiras da mente.

Cada bom escritor fala uma língua nova para mim e eu me esforço para entendê-la.

De certa forma, abrir um livro novo é como viajar sem precisar do passaporte e de toda as demais burocracias...

Claro que temos os nossos escritores preferidos e entre eles cito Moacyr Scliar.

Mas fica o alerta: Scliar escreve livros perigosos, por exemplo, "A Estranha Nação de Rafael Mendes".

Este é destes livros pegadores, difíceis de deixar de ler para ler outros livros ao mesmo tempo, como gosto de fazer.

Fiquemos com este pequeno excerto, que nos deixará com gostinho de quero mais, sei bem:

"Um homem pagará. É inocente, mas pagará. Inocente? Não deve ser tão inocente. Não, não é inocente: se vai pagar é porque não é inocente. E pagará. Não sabe disso,naturalmente; no momento não sabe de nada, só de sonhos. No momento dorme, como muitos porto-alegrenses. Logo,porém, acordará, e então a contagem regressiva terá começado. Não se porá hoje o sol sem que a meta tenha sido alcançada: dez mil dólares. Engraçado: nunca vi um dólar, nem sei que jeito tem. Mas não preciso saber. Só preciso pedir.Pedir, não: exigir. É bom que eu esteja convencido disto: posso exigir. Eles me devem muito dinheiro, dez mil dólares pelo menos. Mais, decerto; no mínimo, porém, dez mil. Dólares. Exigirei. Rafael Mendes pagará."


Porto Alegre, 20 de novembro de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra 

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