"É uma pessoa de fino trato", dessa forma era reconhecido.
"É um grosso", assim era conhecido.
FT, vamos chamá-lo assim, era todo "por favor", "por gentileza", com licença".
GG, o seu contrário, era só siglas: "vtc", 'pqp", sifu".
FT trabalhava em uma loja fina no centro da cidade e frequentava cinemas, teatros e exposições para adquirir cultura.
GG trabalhava com limpeza de pátios no subúrbio e frequentava o CTG do bairro para comer carne gorda e beber "canha" (cachaça).
Ambos vivem as suas vidas, cada qual a seu modo... ou "sem modos".
Felizmente nunca se conheceram, pois FT nunca vai ao subúrbio nem GG vai ao centro.
FT não suporta "grossura" e GG não aguenta "frescura".
O conto acabaria aqui, então, caso o escritor não encontrasse alguma tensão narrativa a ser explorada.
Por estas ironias da vida, falta pouco para FT e GG se conhecerem, já que seus filhos estão cursando a universidade pública.
Mônica é filha de GG e Eduardo é filho de FT. Estão "ficando" de uma maneira duradoura e pretendem morar juntos.
O engraçado é que são os opostos de seus pais, mas mesmo assim estão apaixonados.
Não, caro e raro leitor, não moram em Brasília, mas em Bagé...
Porto Alegre, 16 de maio de 2020.
Imagem: Analista de Bagé, Google
Edu Cezimbra
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