quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O Gavião e o Urubu



Um gavião voava altaneiro quando se deparou com um urubu.

Intrigado, o gavião indagou ao urubu:

- Mas que mal pergunte: porque ficas planando se não atacas?

O urubu, que também voa alto, respondeu à altura:

- Sem ofensa, "seu" gavião, mas eu também já urubuservei o senhor voando sem atacar.

- Ah, urubolino - gracejou o gavião - eu voo de olho na caça!

- Eu também faço voos de reconhecimento - gabou-se o urubu.

- Sei, voo de reconhecimento de cadáveres - riu-se o debochado gavião.

- Data venia, "seu" gavião, mas já vi o senhor fugir de bem-te-vi...

- Fugir?!! Uma ova, o que eu faço é me reposicionar para melhor atacar a caça!

O gavião, agora, estava picado:

- E tu, depois do reconhecimento do cadáver, ainda come a carniça, que nojo!!!

O urubu, como bom papa-defunto não perdeu a fleugma.

- Ora, amigo gavião, o que não percebeste em teus voos altaneiros é que eu presto um serviço importante para todos os animais.

- Para mim não!

- Como não? Quem come os restos mortais de suas caças, senão este humide servo?

O gavião era um exímio caçador, mas não era filósofo.

- E eu com isso?!!

- Amigo gavião, sem mim não comerias carne fresca e saudável.

- Besteira - retrucou o gavião, já irritado com os argumentos do urubu.

- Vejo que o amigo faltou às aulas de ecologia...

- Não entendi...

- É que sem nós, urubus, os germes tomariam conta da terra e adoeceriam todos os animais, entendeu?

- Olha aquele passarinho! - disse o gavião dando um mergulho e fugindo da conversa que acabou por aí.

O urubu pensou com suas penas:

- Fugiu do debate, mas taloquei, vai caçar para mim...

Moral da fábula: quem pensa não caça.


Porto Alegre, 26 de agosto de 2020.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

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