A escova disse para o pente:
- Com licença? Podes ficar atrás de mim, por gentileza?
O pente, que era fino, sentiu a escovada.
- Com licença tu. Quem pensas que és para me tratar assim?!!
- Sou a escova, a rainha dos cabelos!
- Eu, hein? Acho que estás é muito cheia de cabelos!
- Eu sei do meu valor, magricelo, pente de puro osso...
- Pois não estou vendo nada demais em ti, além das farpas...
- És um pente cego, por acaso? Pois não vês, então, que nos bailes e festas todos fazem uma escova nos cabelos?
- Humpft... mas sem mim os cabelos passam despenteados!
- Passam bem, isso sim! - zombou a altiva escova.
- Só carecas passam sem mim!
- Ora, reconheças, tu és um simples acessório para os cabelos...
- Sim, por isto tenho acesso diário aos cabelos - afirmou-se, orgulhoso, o pente.
- Tu não passas de um trabalhador braçal mesmo, pareces um garfo!
- E tu? Pareces um... um... porco-espinho!
A penteadeira, que era antiga, viu que a briga ia para as vias de fato, e antes que houvesse dentes quebrados e cabelos arrancados resolveu acabar com a discussão:
- Lembrem-se que nessa fogueira das vaidades vocês dois não são ninguém sem o meu espelho.
Foi assim, graças a uma penteadeira, que a escova e o pente resolveram-se em um kit...
Moral do apólogo: em briga de escova e pente quem decide é o espelho.
Porto Alegre, 7 de agosto de 2020.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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