quarta-feira, 2 de março de 2022

Bife Sujo

 

O "Bife Sujo" era um bar em frente ao bolicho do "seu Caco", no Alegrete.

"Seu Caco", meu pai, vendeu muito "Drury's", nas madrugadas, para os sedentos fregueses da renomada casa noturna  da outra esquina. 

"Rosinha" era o cozinheiro, um "maricão", gordo e suado, sempre com uma touca branca e avental engordurado, que saia da cozinha paramentado para comprar arroz, feijão e pão no bolicho.

Desconheço se tem a ver com o apelido do bar.

Bem que poderia ter um garçom apelidado "Copo Sujo", mas este era goleiro. 

A casa onde estava instalado o vulgo "Bife Sujo" era tão velha que o reboco tinha descascado todo.

Parecia estes prédios gourmetizados que, atualmente,  atraem uma clientela "fashion".

Não era o caso do "Bife Sujo", cuja clientela composta de boêmios, putas, veados, gigolôs e "calaveras" (jogadores de cartas), entre outros , atravessava as madrugadas confraternizando.

As brigas de facão ficavam para o "outro lado dos trilhos de Quaraí", nas chinas pobres.

Hoje chamariam o "Bife Sujo" de um boteco "pé sujo" , isso se fosse no Rio de Janeiro.

Que eu me lembre o restaurante não resistiu ao fechamento da zona na vizinhança.

O prédio foi rebocado e pintado pra virar um açougue, por essas ironias da história.

Até hoje as "pessoas de boa família" evitam passar naquela fronteira imaginária entre o sujo e o higiênico...

 

Porto Alegre, 2 de março de 2022.

Imagem:Google

Edu Cezimbra

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