sexta-feira, 25 de março de 2022

Palavras Vazias

 

Ao ser indagado sobre o que lia, o príncipe Hamlet assim contestou: "words, words, words".

Shakespeare não entregou o título do livro, provavelmente por temor a uma represália shakespeareana do autor.

Decorridos séculos posso arriscar alguns títulos, sem ofensas, ressalvo:

Livro de autoajuda: "O Príncipe".

Romance de cavalaria: "Os Cavaleiros da Távola Redonda".

Livro de ficção: "Utopia".

Leitura obrigatória: "Bíblia".

Enfim, não havia muitos livros impressos na época, a leitura não era o esporte preferido da nobreza, mas estes já me bastam como mote.

O que quero frisar é que letras, palavras, aforismos, obras literárias são passíveis de interpretação.

A depender do estado de espírito, ânimo, humor e, especialmente, visão de mundo, as palavras podem soar de maneiras diferentes e, até opostas, ao entendimento de cada um.

Se Hamlet estivesse lendo o "Sermão da Montanha" diria "palavras, palavras, palavras" em que pese a Palavra da Salvação.

Hamlet estava deprimido com o assassinato de seu pai, por isso tudo lhe parecia vão.

Shakespeare puxou a brasa para o seu assado ao encenar uma peça de teatro que desmascarou o tio assassino com "words, words, words"...


Porto Alegre, 25 de março de 2022.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

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