domingo, 4 de dezembro de 2022

Caio e Loyola

 

"Como ele podia estar tão sereno, que forças encontrara para mostrar-se tão tranquilo, sabendo que ia morrer? A conversa desviou para esse lado. Ele comentou: "Vamos morrer! Todos. Só não sabemos quando. Sempre achamos que podemos adiar. Vivemos com a certeza de que não vamos morrer. "

Ignácio de Loyola Brandão, no seu livro autobiográfico "Veia Bailarina" nos traz as sábias palavras de Caio Fernando Abreu sobre sua eminente morte pela AIDS.

Nesse livro confessional, Loyola, como é conhecido, desabafa, por assim dizer...

Acontece que ele com muita coragem mostra o quanto teve medo da morte súbita por um aneurisma em seu cérebro.

Felizmente, Loyola sobreviveu à cirurgia para remoção do coágulo em sua cabeça.

Mesmo assim,como bom escritor que é, nos apresenta muito de sua vida de forma transparente 

Dizem até que antes da morte lembraríamos de toda nossa vida.

Com "Veia Bailarina", Loyola registra essa experiência sem ter morrido mas vivenciando a cada momento a morte. 

O que a morte ensina a Loyola serve para todos nós mortais.

Quando a morte é pressentida todos gostariam de ter vivido mais.

Nas palavras do Caio: "A minha morte está anunciada. No entanto, você pode morrer antes de mim. O difícil é acostumar com a ideia de que o meu fim pode estar muito próximo. Mas a intensidade que a vida ganha, o significado dos gestos, isto só pode perceber e definir quem vive como eu. Não dá para transmitir o que representa olhar para esse lago, ver as pessoas passeando, enxergar o vento, sentar e escrever, pensando que podem ser as últimas frases".

Obrigado, meu caro Loyola, por nos trazer esses raros momentos de, a partir da morte, compartir  tua vida. 


Porto Alegre, 4 de dezembro de 2021.

Imagem:Google

Edu Cezimbra

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