Cervinia, 05/02/2016, sexta-feira
Ontem fomos
agraciados com um nascer do sol deslumbrante sobre a montanha. Umas poucas
nuvens altas envolveram o sol que as deixou com as tonalidades de arco-íris, ou
melhor, nuvem-íris...
Nada melhor
que apanhar um sol após uma nevasca sentados na sacada ensolarada do prédio
saboreando um bom mate gaúcho cercados de montanhas nevadas.
Achei um
café a duas curvas do apartamento e aproveitei para postar a primeira parte
deste “diário dos Alpes” e depois demos uma boa caminhada na estrada ainda com
restos de neve apesar da remoção com tratores.
Aproveitei para fotografar esta
paisagem totalmente coberta de neve, com o Matterhorn Cervino quase todo
nevado.
Combinamos
uma carona com o amigo brasileiro Rodrigo, que reside na Itália, para a cidade
de Aosta, capital da região autônoma do Valle d’Aosta e a viagem em si já dá
uma boa ideia do que é esta região, com muitos povoados nas encostas com
muralhas de pedra, formando terraços onde se pode ver as videiras que fazem o
bom vinho local.
Surpresa
total quando chegamos ao centro histórico de Aosta/Aoste (o francês é uma
segunda língua), um museu a céu aberto, como seus administradores chamam sem nenhum
exagero.
Antes de chegarmos ao início do roteiro no Arco de Augusto tínhamos
passado perto de uma ponte romana, ambas do século I a.C.
Outras atrações
imperdíveis são a a Porta Praetoria, também do séc. I a.C, construída com
enormes pedras da região e que em suas torres abriga até restaurante e o
escritório de turismo da cidade e o Teatro Romano, com sua alta fachada de
colunas e arcos erguida da mesma maneira, este do século I d.C.
Tanto o arco
quanto o teatro mantêm boa parte de seus formatos originais e dão uma boa noção
do que era a arquitetura romana da época.
A Catedral
de Aosta/Aoste tem uma porta muito divulgada nos guias turísticos: a Porta da
Misericórdia, em alto-relevo e com afrescos antigos em toda a sua volta, uma
visita obrigatória aos católicos e aos apreciadores da arte sacra antiga,
porque abriga um museu com pinturas religiosas.
Como disse a
Maritânia: uma viagem no tempo!!!
Hoje,
sábado, 06/02, pegamos o ônibus até Chatillon, uma pequena cidade do Valle d’Aosta,
estação ferroviária onde desembarcamos e que voltamos para um passeio. Um vento
gelado aumentava o frio e as ruas estreitas potencializavam a sensação térmica
enregelante.
Fizemos
parte de um roteiro de trilhas entorno da cidadezinha e fomos parar na Igreja
de São Pedro e São Paulo, que nos acolheu nas suas sombras cálidas tendo como
única luz a que atravessava os vitrais dos santos.
Após nos
abrigamos no primeiro café que apareceu onde tomei um café “corretto”,
tradução: café com graspa (grappa), que aqueceu e deu um alento para
continuarmos a “rû de la plaine” até um dos muitos castelos da região, que
infelizmente não abre aos sábados...
Acreditem,
tem “carnaval” em Chatillon... Fomos surpreendidos por um trator puxando um
reboque com muitas crianças e suas mães em uma “festa de pijama” circulando
pelas estreitas ruas escoltados por dois carros da polícia local.
Hoje,
07/02/2016, “a neve anda a branquear lividamente a estrada / e a minha alcova
tem a tepidez de um ninho”, apropriados versos do inspirado poeta gaúcho Alceu Wamosy, que me vem à mente quando
levanto tarde e olho para fora da “alcova”...
Começou a
nevar à noite e hoje de manhã a neve segue a cair, mas de uma forma diferente, intensa e suave,
encobrindo os ramos dos pinheiros desfolhados emprestando à paisagem cenas de “Cidadão
Kane”, ‘rosebud’...
Por falar em
“viagem no tempo”, escuto uma fita-cassete (?!) de blues, em um aparelho antigo muito bem conservado e com um repertório que inclui, além do blues,
jazz, clássicos e pop (até Benito de Paula interpretado por orquestra de
baile).
É carnaval,
uma doce ilusão...Até breve, arrivederci!
Nenhum comentário:
Postar um comentário