sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Diário dos Alpes, 1ª parte




Hoje, (terça, 02/02/16) Breuil-Cervinia, nos Alpes italianos, estação de esqui com altitude de 2050 m, na fronteira alpina com a estação suíça de Zermatt, do outro lado da montanha Matterhorn Cervino (4478 m) símbolo da região autônoma do Vale d’Aosta.
Escuto uma música inglesa de um  cd do meu filho (estou sem internet) mas com vista das montanhas nevadas dos dois lados do apartamento.

Vejo as cadeiras alaranjadas do “lift”  subirem e descerem a montanha, sem parar...

A água para o mate é aquecida em uma jarra elétrica com água da montanha e o chimarrão gaúcho tem um sabor “tri especial”!

O dia está ensolarado e o sol ilumina a montanha...

Hoje (quarta, 03/02/16) caiu muita neve e da sacada do prédio onde estou posso pegar  flocos de diferentes tamanhos e sentir a sua delicadeza etérea. Não parecem flocos de algodão como alguns querem, mas diminutos cristais refinados.

A neve que caía suave foi aumentando e os ventos criaram redemoinhos de neve dando uma ideia do que pode ser uma tempestade de neve. As cadeiras do lift  pararam de circular e a noite é de recolhimento em Cervinia.

 Tive uma aula de esqui (sci, em italiano), hoje. Foi cansativo, mas bem desafiador para sair da zona de conforto, mas confesso que o grande momento foi quando tiramos as botas apertadas de esquiar, que obrigam a andar inclinados para frente pisando nos calcanhares...

Amanhece em Cervinia (quinta, 04/02/16), após a forte nevasca de ontem. Os tratores com suas luzes piscantes removem a neve acumulada nas pistas e estradas confundindo o ronco dos seus motores com o ronco do vento.

A neve branca com o nascer do sol vai adquirindo tons róseos refletindo a tonalidade das nuvens e os altos picos das montanhas parecem pequenos faróis nas alturas.

O vento forte provoca redemoinhos de neve com a neve acumulada nas encostas das montanhas (sensação térmica de -19º) .

Conhecemos um brasileiro de nome Alex, de Bombinhas, Santa Catarina, casado com uma russa.  Contou-nos que vive há dois anos em Cervinia, e que tentou a sorte com um restaurante em Bombinhas, mas desistiu por causa do aluguel alto. Deu a dica de uma outra estação de esqui que reputou como ainda melhor que a que estamos: Dolomiti, com o cuidado de não ser ouvido pelo motorista do micro-ônibus...

Valtournenche é uma comunidade também pertencente a região autônoma de Aosta que vistamos por volta do meio-dia, encantadora cidadezinha, tipicamente alpina, quase que deserta nesta hora (hora da sesta, sagrada nesta parte alta do mundo). Tem uma estação de esqui também, em que muitos foram esquiar por causa dos fortes ventos nas pistas de Cervinia.

Era dia de encontrar latino-americanos; no ônibus para Valtournenche falamos com Leandro, um argentino, também casado com uma europeia, desta vez uma sueca. Estava lendo um livro intitulado a “A Guerra Gaucha”, um romance épico, do argentino  Leopoldo Lugones e que permitiu identifica-lo. Trabalha em um “bàita” no alto da montanha, espécie de albergue que fornece alimentos e bebidas quentes para os esquiadores. Busca os mantimentos de moto-esqui e que é um trabalho difícil...

Também reencontramos o nosso “velho” amigo do 2º dia nos Alpes, Achille, o motorista dos ônibus que fazem a ligação entre os vários pontos das estações, também casado com uma brasileira de Minas e que por isso arranha um “portuliano”, muito bem-humorado, brincando com os passageiros e que me permitiu identificá-lo na primeira vez que nos conhecemos quando fez referência ao Brasil.

Pretendo prosseguir fazendo estas anotações em forma de diário para postar neste blog. Aguardem-me!

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