quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A Pedagogia do Medo


A pedagogia do medo se faz no modo condicional:

- "Se"...não fizer isso, vai acontecer aquilo, grosso modo, se não obedecer "o pau vai comer"...

Desde muito cedo, a criança é chantageada:

- Se não for obediente não vai ganhar o presente...

Logo adiante:

- Se seguir teimando, vai ficar de castigo!

Na escola:

- Se não "passar de ano" não vai ter férias na praia.

As canções infantis refletem muito a pedagogia do medo.

No berço ou embalada no colo, o bebê adormece ouvindo a canção:

- Boi, boi, boi, boi da cara-preta, pega essa criança que tem medo de careta... 

 Com o intuito óbvio de ensinar - pelo medo - os perigos da mata ou da savana aparece a figura apavorante do "bicho-papão".

Não deixa de ser uma pedagogia do "medo da morte" , essa figura esquelética de foice e martelo (ops!) na mão a ceifar a vida dos desvalidos mortais.

- Mas se todos vamos morrer um dia, mais cedo ou mais tarde, por que ter medo da morte?! - indagaria meu caro e raro leitor...

- Todos temos medo da morte, responderia  outro leitor.

- E o que nos consola da inescapável morte? - perguntaria um socrático leitor (oba, isso já é um colóquio!).

Mais que uma atitude filosófica, seja estóica ou niilista, o que nos consola há milênios é uma religião, seja qual for a denominação. 

Aliás, antes de uma pedagogia do medo temos - ainda vigente - uma "teologia do temor", não é verdade?

Enfim..."Se" não desaprendermos o medo, não escaparemos dessa prisão mental e emocional a que nos autocondenamos reincidentemente.


Porto Alegre, 8 de novembro de 2017.

Imagem: Google

Edu Cezimbra 

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