A pedagogia do medo se faz no modo condicional:
- "Se"...não fizer isso, vai acontecer aquilo, grosso modo, se não obedecer "o pau vai comer"...
Desde muito cedo, a criança é chantageada:
- Se não for obediente não vai ganhar o presente...
Logo adiante:
- Se seguir teimando, vai ficar de castigo!
Na escola:
- Se não "passar de ano" não vai ter férias na praia.
As canções infantis refletem muito a pedagogia do medo.
No berço ou embalada no colo, o bebê adormece ouvindo a canção:
- Boi, boi, boi, boi da cara-preta, pega essa criança que tem medo de careta...
Com o intuito óbvio de ensinar - pelo medo - os perigos da mata ou da savana aparece a figura apavorante do "bicho-papão".
Não deixa de ser uma pedagogia do "medo da morte" , essa figura esquelética de foice e martelo (ops!) na mão a ceifar a vida dos desvalidos mortais.
- Mas se todos vamos morrer um dia, mais cedo ou mais tarde, por que ter medo da morte?! - indagaria meu caro e raro leitor...
- Todos temos medo da morte, responderia outro leitor.
- E o que nos consola da inescapável morte? - perguntaria um socrático leitor (oba, isso já é um colóquio!).
Mais que uma atitude filosófica, seja estóica ou niilista, o que nos consola há milênios é uma religião, seja qual for a denominação.
Aliás, antes de uma pedagogia do medo temos - ainda vigente - uma "teologia do temor", não é verdade?
Enfim..."Se" não desaprendermos o medo, não escaparemos dessa prisão mental e emocional a que nos autocondenamos reincidentemente.
Porto Alegre, 8 de novembro de 2017.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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