segunda-feira, 8 de julho de 2019

Obsessiva e Compulsivo



Obsessiva era uma mocinha magrinha, quase seca de carnes, mas muito faceira e coquete.

Compulsivo era um rapaz simples, sem nenhum atributo destacável, mas com uma mania: colecionar objetos.

Um certo dia, encontraram-se casualmente, ela voltando das comprar na loja de departamentos e ele de um brique.

Foi amor à primeira vista das sacolas e embrulhos que ambos carregavam...

Casaram logo, impulsiva e irrefletidamente. 

A vida conjugal alternava-se entre compras e briques, ou seja, Dona Obsessiva comprava e Seu Compulsivo acumulava objetos inúteis.

Não me pergunte como, mas tiveram tempo de ter um filho, Obsessivo-Compulsivo, por nome, óbvio...

Foi um período difícil para o casal, pois era difícil encontrar o filho em meio a tanta quinquilharia e trastes acumulados por toda a casa.

O filho, como bom Obsessivo-Compulsivo, começou a desenvolver tiques, entre eles um grito estridente e uma mania de ir estendendo uma corda do quarto ao banheiro, do banheiro à cozinha, assim por diante...

Se a corda rói, Obsessivo-Compulsivo grita estridentemente seu abandono, para desespero dos pais, que se culpam um ao outro por ter um filho tão desorientado.

O desfecho da história é previsível: o casal separou-se. Dona Obsessiva vive com um gerente da Havan e Seu Compulsivo luta para arrumar lugar em sua casa para tantos badulaques acumulados. 

Aqui para nós, não podia terminar bem um casamento obsessivo-compulsivo, baseado no consumismo...


Porto Alegre, 8 de julho de 2019.

Imagem: Google

Edu Cezimbra


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