quarta-feira, 24 de julho de 2019

Auto-crítica



Um escritor é um frasista renitente, um iconoclasta irreverente.

Recebo de um destes escritores irreverentes a seguinte frase: "Entre a letra maiúscula inicial e o ponto final há uma grande distância a ser percorrida."

Suponho que seja um dos meus caros e raros leitores com uma crítica sutil aos meus textos curtos...

Aceito de bom grado a crítica, faço dela uma auto-crítica.

Confesso que ando com fôlego curto para percorrer as grandes distâncias exigidas por um romance.

Mesmo as distâncias médias de um conto já me deixam com dispneia.

Mas, aqui para nós, caro e raro leitor, quem tem disposição para ler um textão hoje em dia (não é desculpa...)?

Com a internet o que acontece é a leitura de frases curtas, que ao final do dia viram um textão, percebe?

Já se foi o tempo em que o escritor tinha muitos livros, hoje, ele tem um notebook.

Eu sou um escritor antiquado, além de livros tenho muitos cadernos preenchidos com uma letrinha miúda, com muitas frases superpostas, expondo o drama da falta de personagens verossímeis.

Um escritor de manuscritos em muitos cadernos, escritos em letra de imprensa, como um pedido de inspiração.

Temas variados, desde contos, fábulas, parábolas, apólogos, poesias... Não formam um livro, mas, sim, manuscritos, que terminam digitados em um blogue.

O que me leva a uma conclusão: nem todo blogueiro é escritor, mas todo blogueiro digita...



Porto Alegre, 24 de julho de 2019.

Imagem: André Martins de Barros, Pinterest

Edu Cezimbra

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