- Cara ou coroa?
- Cara, porque sem mim você não reina - cochichou a Cara para a Coroa.
- Coroa, porque a recíproca é verdadeira - retrucou a Coroa para a Cara.
- Cara, porque quem foi rei nunca perde a majestade!
- Coroa, porque rei morto, rei posto!
- Cara, porque vai-se a coroa fica a cabeça.
- Coroa, porque quem vê cara não vê coroa.
A moeda concordou com a coroa, mas lembrou para ambas:
- Isso é real, mas quem vê coroa não vê a cara, e uma não vê a outra.
- Falar nisso, estou pensando em mudar, pois estou me sentindo desvalorizada...
- Como assim?!! - perguntaram, ao mesmo tempo, a Cara e a Coroa, a Coroa e a Cara.
- É que o Real virou réis, estou pensando em mudar para... hum... Cruzeiro!
- Cruzeiro, mas que coisa mais plebeia!!! - protestou a Coroa.
- Republicana, minha cara, digo, minha coroa, republicana! - afirmou a moeda com espírito nacionalista.
A Cara, toda prosa, lembrou:
-Vou ficar a Cara da República! - zombou a Cara com a Coroa.
A Coroa ia retrucar, quando ouviram o juiz perguntar:
- Cara ou Coroa?
- Tá vendo?!! - provocou a Coroa - muda a moeda, mas a Coroa continua!
- Só no Museu Imperial! - debochou a Cara.
Moral do apólogo: é preciso ver as duas faces da moeda, digo, os dois lados...
Porto Alegre, 27 de março de 2020.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
Nenhum comentário:
Postar um comentário