sábado, 4 de abril de 2020

Fim de Partida



     "Quando a ficção científica não supera a política."
Em toda distopia há uma boa dose de otimismo ingênuo, escrevi em outra crônica. 

Portanto, quem haveria de prever que o colapso ocorreria por falta de equipamentos básicos em toda e qualquer emergência?

Há falta de máscaras, de luvas, de medicação e de respiradores para os pacientes internados nas UTIs.

Em todo "filme catástrofe" sobram dramas mas os equipamentos de primeiros socorros estão à mão dos heróis e heroínas que salvam as vítimas.

Claro, sempre há falta de petróleo (apego aos combustíveis fósseis), falta de crianças, falta de ar, falta de perspectiva, mas sempre há uma solução improvisada para suprir tais carências.

Agora, o colapso é um choque até para os mais fervorosos adeptos da ficção científica...

Quem iria pensar que a realidade imposta pelo neoliberalismo superaria a imaginação apocalíptica de um Samuel Beckett em Fim de Partida?

Talvez, hoje, Beckett escrevesse um drama intitulado Partida por Fim, onde as pessoas em quarentena ansiassem pelo fim... 




Porto Alegre, 4 de abril de 2020.

Imagem: Google

Edu Cezimbra

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