Uma coruja, num galho de árvore, observa um pavão na trilha da mata.
- Lá vem aquele pavão se pavoneando todo...
O pavão abriu seu fulgurante arranjo de penas coloridas, falando baixo.
- Olha só, a coruja olhando tudo ao redor, vai morrer de inveja da minha beleza.
- O pavão não perde a chance de se exibir, acha que trilha é passarela do samba.
- A coruja sempre de olho grande, desdenhando toda minha beleza, girando aquela cabeçona pra não me ver...
- Bom dia, Senhor Pavão, achei que o carnaval já tinha passado - piou a coruja.
- Como vai, Dona Coruja? - pois sempre é tempo de embelezar o caminho com minhas lindas penas, não achas?
- Então, aproveito o seu desfile para lhes apresentar meus filhotinhos, olha só que coisas mais lindas!
Minha nossa, com olhos tão grandes e míope - pensa o pavão com suas penas.
- Muito fofinhas as corujinhas, sim senhora, parabéns, Dona Coruja! - mente o pavão, elegantemente.
- Obrigado, senhor Pavão, tens muito bom gosto mesmo!
Quem ama o feio, bonito lhe parece - ri-se por dentro o pavão.
- Até mais ver, Dona Coruja, vou prosseguir o meu desfile, digo, meu passeio, foi um prazer falar consigo!
- Passar bem, senhor Pavão, sorte na apuração! - ironiza a coruja.
Beleza não põe a mesa, mas dá um bom prato - consola-se a coruja, corujando seus filhotes.
Moral da fábula: quem muito se exibe atrai olho grande.
Porto Alegre, 24 de fevereiro de 2021.
Imagem: Google
Edu Cezimbra
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