"Eu vi Lazarus Morell no púlpito", afirma um dono de uma casa de jogo em Baton Rouge, Louisiania, "e escutei suas palavras edificantes e vi lágrimas em seus olhos. Eu sabia que ele era um adúltero, um ladrão de negros e um assassino diante do Senhor, mas também meus olhos choraram."
Jorge Luis Borges, na "História Universal da Infâmia", conta a história do infame "redentor" Lazarus Morell.
O infame Lazarus, era "um velho senhor do sul" na imaginação fantasiosa de Borges.
O infame comandava uma quadrilha de mil homens que percorriam as extensas plantações de algodão, ao longo do rio Mississípi conclamando os negros escravizados à fuga.
Depois da fuga arriscada devido aos sabujos e feitores o cativo era convencido a se deixar vender para outro fazendeiro com a promessa enganosa de receber um percentual da venda após nova fuga.
Borges antecipa em século e meio a infame terceirização da mão de obra...
Lazarus Morell, como vemos, fez escola no Brasil com a seguinte agravante para a infâmia dos donos de terceirizadas brasileiras: aqui, escravizando trabalhadores livres com o respaldo de outros infames empresários.
Borges deixou passar os infames brasileiros de sua época, mas e daí?, eu não sou Borges...
Porto Alegre, 7 de março de 2023.
Imagem: Google:
Edu Cezimbra
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