Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Panis et circenses, música de Caetano e Gil interpretada pelos Mutantes, é uma canção de crítica social, - embora desatualizada -, pois feita antes dos reality shows que monopolizam a atenção e as preferências dos telespectadores.
Se atualizada fosse (ainda bem que não) os últimos versos de cada estrofe teriam de ser mudadas.
Como ficariam, arrisco palpite: "Mas as pessoas na sala de jantar / São ocupadas em manter ou eliminar", dando além disso um sutil duplo sentido, ao menos para os versados em psicanálise.
Fico a imaginar um cenário de volta às lutas dos gladiadores, agora na TV, onde a "eliminação" era para valer, dependendo de um polegar para cima ou para baixo.
Provavelmente duplicaria a audiência e número de "eleitores", concorrendo com os programas policialescos, que já decidem a vida ou a morte dos desprezados"vagabundos", já que "bandido bom é bandido morto", desde que pobre.
O leitor que me dá a honra de sua companhia nas redes sociais irá entender porque escrevo dessa forma tão irônica.
O número de votos pagos que uma etapa de eliminação de um desses programas arrecada é assombrosamente assustador.
Se a Alcyone perguntasse para o Tom Jobim qual a saída para essa abstenção de inteligência nacional ele provavelmente responderia: " o aeroporto"...
Fiquemos com "Os Mutantes" (na França) para compensar:
Porto Alegre, 10 de abril de 2017.
Imagem:wikimedia
Edu Cezimbra
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