sábado, 1 de setembro de 2018

Brincando na chuva


Dia chuvoso. A chuva é uma manifestação da natureza que inspira tantas manifestações culturais como poesia, contos, filmes, fotografias.

Confirma que as pessoas de todas as idades são tocadas sensorial e afetivamente pela chuva.

A infância, em especial, é muito tocada pela chuva. Toda criança brinca e se diverte com ela, dirá o vendedor de chuva, se ela pudesse ser vendida. Felizmente não é mercadoria.

Muita chuva alaga o chão e me faz mergulhar nas águas profundas da memória.

Recordo da minha fascinação pela chuva. Até mesmo no inverno, quando ficava na janela olhando a chuva cair.

As poças se formavam rapidamente e para mim eram imensas lagoas a bailar no ritmo dos pingos de chuva. Hipnóticos pingos de chuva…

Bom mesmo era o banho de chuva no verão. Uma festa em que todas as brincadeiras costumeiras ganhavam ainda mais animação.

Até descer em uma velha bacia o riacho que se formava na valeta do campinho ao lado de minha casa aumentado pela “atacação” feita com pedras. Era uma inundação de alegria!

Hoje, depois de passado tanto tempo, ao assistir a chuva cair e alagar o terreno da minha casa, percebo que muito dessa fascinação vem da transformação radical da paisagem.

Para a imaginação de uma criança as poças e a água da chuva escorrendo nas ruas eram verdadeiros lagos e rios.


Minha netinha Íris tinha dois aninhos, quando ouviu a poesia do”Canção da Garoa” do Quintana completou: “e tudo fica molhado”. E não é?

Canção da Garoa
Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.

O relógio vai bater;
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.

E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...

Porto Alegre, 1º de setembro de 2018.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra

Nenhum comentário:

Postar um comentário