terça-feira, 4 de setembro de 2018

Uma coisa só


Gosto de falar de árvores. flores, pássaros. ar puro e perfumado de flores, manhãs de sol, - estou em meio disso tudo. 

Esta 'vida no bosque' não me impede de falar de genocídios, chacinas, injustiça social, devastação ambiental porque para falar daquilo tudo é preciso falar disso tudo.

Não digo direta e objetivamente. Digo para realçar que as duas coisas são separáveis e inseparáveis, ao mesmo tempo, dependendo do ponto de vista.

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa diz a sabedoria popular com ironia e graça.

Porém… coisa é coisa, sempre! Coisa louca, não? Que coisa! Coisa de louco…

O que me impressiona mesmo é o quanto há pessoas divididas entre esses dois partidos: o partido rosa e o partido cinza.

O partido rosa quer falar só de coisas bonitas, edificantes, quer ver o mundo conforme suas fantasias de contos de fadas.

O partido cinza quer falar de coisas horríveis, crimes, bandidos, violência, quer ver o mundo conforme suas fantasias de contos de terror.

O símbolo do partido rosa é o avestruz que diante do perigo enfia a cabeça em um buraco.

O símbolo do partido cinza é o urubu, sempre à espreita de uma tragédia, para tirar proveito próprio.

A seguir esse bipartidarismo extremista logo não sobrará ninguém para ver o mundo com outras cores, compreende?

Como disse antes: as coisas são separáveis e inseparáveis, ao mesmo tempo. 

Neste caso, o que precisamos para não cairmos nessas fantasias partidárias é uma visão de mundo como a representada na Wipala, a bandeira xadrez e multicor que representa várias nações originárias andinas.

O que vale para estas nações é o pluralismo e não à toa o animal que os simboliza é o condor que por voar alto vê as coisas inseparáveis umas das outras.

Porque bem lá do alto não há diferenças de cor, nem de tamanho, nem de coisa nenhuma. 

Para nós, existe uma coisa só, chamada Terra, um pálido ponto azul nos confins do universo.

Porto Alegre, 4 de setembro de 2018.

Imagem: Pinterest

Edu Cezimbra

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