sábado, 22 de setembro de 2018

Meu Tio da América


Filme clássico, cult movie , premiado em Cannes, dirigido por Alan Resnais com a participação do neurocientista Henri Laborit.

O filme combina documentário sobre as teses de Laborit, que se faz um comentarista (sem perda de dramaticidade) das reações emocionais das personagens do filme.

“Meu Tio da América” tem Gérard Depardieu no papel de Raguenau, um executivo que tem uma úlcera gástrica.

As fortes dores causadas por úlceras gástricas e cólicas renais são doenças psicossomáticas expõe doutamente Laborit. 

O título do filme, “Meu Tio da América”, é alegórico: a América é um lugar que não existe, recita o personagem Jean, vivido por Roger Pierre, ligado à política cultural francesa.

O “Rei de Ouro”, herói de aventuras bilionário, é o “Meu Tio da América” para Jean, de família nobre. 

Já para Ragueneau, de origem camponesa, o “ Meu Tio da América” virou mendigo em Chicago.

O nosso sistema nervoso está começando a ser compreendido informa o narrador científico. O inconsciente, que não é freudiano, é mais um automatismo cultural, condicionante sociocultural nas relações de aprendizagem, trabalhistas e afetivas tais como casamentos, separações, família.

Raguenau sofre com tudo isso, é o personagem emblemático do filme com medo de perder seu emprego devido às “reengenharias” empresariais.

Janine, vivida por Nicole Garcia, uma atriz frustrada, é o pivô das cenas mais dramáticas do filme, tais como a separação de Jean e a tentativa de suicídio de Ragueneau.

Recompensa e castigo, prazer e dor, luta e fuga, inibição e angústia, mentiras e dissimulações tudo junto e misturado.

A justificativa para todo esse drama é que uma criança sem contato com outros humanos torna-se um animal selvagem sem aprender a linguagem e mesmo a andar.

São as situações hierárquicas que se escondem nos hábitos de linguagem e comportamento.

A aprendizagem começa com regras de higiene básicas e culmina nas relações hierárquicas, aponta Laborit. Incômoda tese, mas plausível...

Porto Alegre, 22 de setembro de 2018.
Imagem: cena de "Meu Ti da América"
Edu Cezimbra

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