Ela é a encarnação da Moral.
Até no nome: Mora Morais.
A outra é encarnação da Política.
Sim, até no nome: Poliana Polis
As duas moram perto, mas tem pouca intimidade.
Quando se encontram a briga é previsível.
Dona Mora vem com uma das suas sentenças lapidares para provocar a jovem Poliana:
- Eu sou o tipo da pessoa muito respeitada, todos tem o costume de me cumprimentar em qualquer lugar onde eu chegue.
A menina Poliana é muito sagaz, apesar da pouca idade, e aproveita para cutucar dona Mora Morais:
- Ai, Dona Mora, vai me desculpar, mas a senhora, na verdade, é muito temida, por isso todos lhe saúdam para depois falar mal pelas costas.
- Minha filha, é melhor que falem pelas costas do que pela frente, como é o teu caso...
Poliana acusa a estocada certeira da rígida moral mas não desiste da peleja:
- O importante é que falem de mim, Dona Mora, afinal quem não é vista não é lembrada, não é verdade?
- Sei não, Poli, tem certas épocas que o melhor mesmo é não ser lembrada...
A discussão começa a se acentuar quando Dona Mora apela, lembrando os hábitos promíscuos (sic) de Poliana Polis.
Chega ao máximo da tensão quando Poliana chama Dona Mora de moralista de cueca.
Dona Mora e Poliana tem um vizinho que gosta de filosofar e, neste ponto, Dona Mora e Poliana concordam, pois consideram suas colocações ponderadas.
- Calma, amigas, vocês não precisam brigar tanto. Lembrem-se que, embora tenham divergências inconciliáveis, muita gente considera muito as duas, nem que seja com dois pesos e duas medidas.
Antes de terminar, é preciso dar o nome de senhor tão idealista: Platão, mesmo nome do filósofo grego, que disse que a Moral e a Política são excludentes, séculos antes de Mora Morais e Poliana Polis.
Porto Alegre, 8 de maio de 2019.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra
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