"De Guantánamo a Havana tudo pode acontecer."Bem que poderia ser o título do filme cubano "Guantanamera".
Sob o pretexto de transladar o corpo de uma "guajira guantanamera", uma "menina de Guantánamo", que morre ao voltar à sua terra natal passados cinquenta anos e reencontrar o amor da juventude, o filme é um "road movie" latino que passeia por paisagens rurais e ruas de várias cidades cubanas entre Guantánamo e Havana.
É uma viagem, mas não é turística. Pelo contrário, escancara a dura realidade cubana, um mergulho nas águas turvas da revolução cubana.
Aliás, diga-se de passagem, realidade muito "exaltada" pela imprensa nacional e internacional como prova cabal do fracasso do socialismo. Não à toa surge o bordão ideológico primário do "vai pra Cuba".
Portanto, não cansarei o meu caro e raro leitor, com o rol de problemas materiais por que passa a formosa ilha caribenha.
Aqui, nestes breves comentários sobre "Guantanamera" prefiro frisar as dificuldades anímicas de Cuba, tão bem captadas na película em tela.
Para mim, aí reside a maior dificuldade de Cuba: a crise econômica é "sublimada" por delirantes planos burocráticos e relatórios ufanistas de burocratas cubanos.
Essa tensão entre o regime castrista e a população civil aparece em todo o filme. Apesar de todo controle estatal da economia mostra-se as desobediências civis do povo para enfrentar o racionamento de víveres e a carência econômica.
Ainda assim, "Guantanamera" é um filme deliciosamente romântico. As canções cubanas emocionam o espectador sensível ao contar em seus versos as histórias de vida dos protagonistas do filme.
Alerto que é um filme que prende do início ao fim, afirmando o amor acima do autoritarismo burocrático.
Uma última observação: com todos os problemas materiais de Cuba, durante todo o "cortejo fúnebre" não se vê mendigos maltrapilhos e famintos entre o povo cubano. As pessoas do povo estão bem vestidas e com sorrisos largos mostrando todos os dentes saudáveis.
Trailer de Guantanamera (espanhol):
Porto Alegre, 9 de maio de 2019.
Imagem: cena e cartaz do filme, Google
Edu Cezimbra
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