Antônio Conselheiro é o que se pode chamar de um profeta que pregava no deserto para multidões de pobres e desesperados sertanejos.
O sertão nordestino guarda em seu chão torrado pelo sol a memória do beato que dizia que "o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão".
Quando Canudos foi atacado pelo exército brasileiro, o lugar era uma povoação com mais de vinte mil almas que buscavam o consolo na figura messiânica do Conselheiro.
Por ter instituído o casamento civil, Antônio Conselheiro era contra a República e o Presidente da República era "um impostor que queria destruir a religião".
Alguns dos epítetos atribuídos ao beato dão conta de como a imprensa da época tratava-o: "fanático, insurgente, subversivo", entre outros "elogios".
Hoje, a imprensa seguiria rotulando o Conselheiro de fanático, além de agitador e terrorista.
Conta um historiador que um frade que passou por Canudos perguntou porque o líder religioso cercava-se de homens armados, ao que o Conselheiro respondeu com esta frase que se tornou célebre:
"No tempo da Monarquia deixei-me prender porque reconhecia o governo; hoje não, porque não reconheço a República."
O meu caro e raro leitor, sempre alerta, já percebeu que o dito acima é uma legítima declaração de desobediência civil, o que faz do nosso Conselheiro um pioneiro junto com Thoreau, nos EUA!
Desobediência Civil que volta à tona, puxada por lideranças populares, para resistir ao atual governo brasileiro, cujo presidente insiste em prosseguir com a trágica herança colonial e imperial brasileira, cheia de histórias de repressão e massacres contra o pobre povo brasileiro.
Porto Alegre, 14 de maio de 2019.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra
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