segunda-feira, 29 de junho de 2020

Meu Pé de Cinamomo



 
Meu pé de cinamomo não era nenhum pé de laranja lima...
 
Era um cinamomo gigante. Destes raros que não foram podados (mutilados) por brotar em um "terreno baldio" perto da minha casa.

Meu pé de cinamomo era torre de castelo, navio pirata, avião a jato, enfim, tudo o que minha imaginação de criança quisesse.

Tinha elevador (um pneu velho amarrado a uma corda) que subia e descia quando puxada por um amigo.

Lembro que a corda machucou o braço do meu cinamomo e que fiz um "curativo" com um pedaço de borracha de câmara de pneu.

Um galho grosso era uma ponte por onde cruzava um abismo e que me levava até uma montanha que eu escalava com uma corda de alpinista.

Outro galho era um navio pirata em que o intrépido capitão singrava mares revoltos.

Era um avião em que eu voava sentindo o vento na cara e me levava onde eu quisesse.

O meu pé de cinamomo, mais que tudo, foi um mestre para mim...

Ele me alargou os horizontes ao me erguer em seus ombros.

Aprendi com ele a dura lição de que toda subida exige uma descida, enfrentando o medo da queda...

Deu aulas de ecologia acolhendo passarinhos, cigarras e abelhas atraídas por suas flores e frutinhas.

Hoje, quando os vizinhos cortaram um pé de cinamomo seco lembrei do meu pé de cinamomo.

Uma manhã acordei e ele não estava mais me esperando, cortado para dar lugar a uma casa.

Chorei muito, pois foi a primeira vez que me mataram...



Porto Alegre, 29 de junho de 2020.

Imagem: Google

Edu Cezimbra 

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