"(...) aqui eram grandes não os poetas e ilustrados mas os que ganhavam mais dinheiro nas vendas e juntavam mais e prosperavam mais e aqui só prosperavam os ignorantes que nem ler e escrever sabiam."
Ana Miranda, no romance "Amrik" conta a desilusão de um velho poeta e erudito libanês quando chegou no Brasil.
Acostumado a receber as honrarias e o reconhecimento dos libaneses pela sua arte e sabedoria, aqui, viu-se reduzido à humilde condição de um escrevente de cartas alheias.
Amrik é a pronúncia de América pelos imigrantes libaneses que aqui aportavam em busca da liberdade religiosa que não encontravam no Líbano dominado pelos turcos.
Por isso, até hoje, os libaneses e sírios são chamados de turcos pelos brasileiros pois chegavam com passaporte emitido pela Turquia.
Conto essa pequena história para dizer que embora não seja nem libanês nem tenha tanta erudição também fico triste com a constatação que no Brasil os "grandes" sejam os bilionários apoiadores do Bolsonaro.
Bolsonaro, que personifica o "triunfo das nulidades, a prosperidade da desonra e o crescimento da injustiça" como escreveu o genial Rui Barbosa.
Não tenho vergonha de ser honesto, como concluiu, com ironia, nosso intelectual, mas, sim, tenho a satisfação de ser poeta, o que muito me consola...
Porto Alegre, 3 de fevereiro de 2023.
Imagem:Google
Edu Cezimbra
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