quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Excelsior!

Nietzsche pintado por Munch



SANCTUS JANUARIUS

Tu que com a lança de tuas flamas
Partes o gelo de minha alma,
Que ferve agora e corre ao mar
De sua esperança mais alta:
Sempre mais clara e mais sadia,
Livre em sua lei mais amorosa:-
Assim louva ela teus milagres.
Ó tu, mais belo dos janeiros!


Gênova, janeiro de 1882

Excelsior! [Cada vez mais alto!] – “Você nunca mais rezará, nunca mais adorará, nunca mais repousará numa confiança infinita – você se proíbe estacar ante uma sabedoria última, uma bondade última, um último poder, desarmando seus pensamentos – não há um constante guardião e amigo para as suas sete solidões – você vive sem vista para uma montanha que tenha neve no rosto e ardor no coração – não existe, para você, mais nenhum retaliador, nenhum aperfeiçoador final, não há mais razão no que acontece, nem amor no que lhe acontecer – para o seu coração já não há pousada aberta, onde ele só tenha de encontrar e não mais procurar, você resiste a qualquer paz derradeira, você quer o eterno retorno da guerra e da paz: - homem da renúncia, em tudo você quer renunciar? Quem lhe dará a força para isso? Ninguém jamais teve essa força!” – Existe um lago que um dia se negou a escoar, e formou um dique onde até então escoava: desde esse instante ele sobe cada vez mais. Talvez justamente essa renúncia nos empreste a força com que a renúncia mesma seja suportada; talvez o homem suba cada vez mais, já não tendo um deus no qual desaguar. (Nietzsche; A Gaia Ciência; §285).

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