O professor Policarpo, certo dia, ao fazer a chamada de uma de suas muitas turmas percebeu que tinha um grupo de meninas que faziam jus ao nome.
O ano escolar já ia pela metade e de tanto repetir seus nomes notou que combinavam com seus caráteres.
Como era professor de literatura percebeu que os nomes próprios se associavam a suas propriedades.
Diva era a mais glomourosa, a diva da turma, com maneirismos de atriz de teatro de revista, sempre cortejada pelos colegas embevecidos pelo seu talento.
Sofia era a mais sábia, ponderada, ajudando as colegas na filosofia, história e interpretação de texto.
Hera era muito apegada às colegas, pronta para ir atrás delas, ciumenta e maternal.
Stela era a estrela da turma, convidada a estrelar os curta-metragens das aulas de cinema.
Petra era a mais firme, uma fortaleza mesmo, fundamental para a estabilidade de grupo tão plural.
Essas 'meras coincidências' surpreenderam o professor Policarpo, com 100 anos de idade, - e ainda longe de se aposentar...
Por um simples fato: já tinha conhecido muitas Divas, Sofias, Stelas, algumas Petras e poucas Heras que não faziam jus aos nomes.
Pensativo, Policarpo fechou o caderno de chamada. Como era um idealista, a exemplo do personagem homônimo de Lima Barreto, considerou que se as pessoas fizessem jus ao nome haveria mais paz e menos guerra, mais selvas e menos machados, mais justos e menos maquiavélicos no mundo.
"Alguns nomes são mais impróprios do que próprios", assim o Professor Policarpo concluiu melancolicamente a sua reflexão...
Porto Alegre, 21 de dezembro de 2016.
Foto: normalistas
Edu Cezimbra
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