"...Me procurei a vida inteira e não me achei - pelo que fui salvo."
Acordei da sesta por Manoel de Barros como passarinho cantando a insignificância ciscando migalhas.
Sonhava os versos de uma letra musicada por um compositor nordestino quando despertei com uma lufada de ar fresco soprado pela boca azul, verde do poeta das inutilidades.
Sua fala mansa trinava água, terra, árvores, murmurando poesia como quem canta no ramo mais alto de um ipê-roxo.
Sem pretensões, nem magnificência, - que esta ele deixa ao encargo de Deus - vai nos cantando novas palavras desprovidadas de sentido mas plenas de significados desocultados.
"Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz"
Era Manoelzinho correndo com seus amigos índios pantaneiros atrás de uma bola na pelada às margens do rio Paraguai.
A sua poesia por ele mesmo recitada é como banho de rio depois de percorrer a trilha inóspita das palavras alinhadas com terno e gravata.
Deixo aqui minha homenagem a Manoel de Barros que virou árvore para atrair mais passarinhos e com isso nos ensinar a 'linguagem dos pássaros':
Porto Alegre, 19 de dezembro de 2016.
Foto: divulgação
Edu Cezimbra
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