"Os encontros com meu pai abriram meus olhos para uma face desconhecida da realidade. Graças a ele soube que, apesar de os jornais nunca terem contado, o país vivia uma crise de governo permanente; os rumores de destituições e renúncias, as substituições ministeriais, as rivalidades e as conpirações se multiplicavam como os pães e os peixes."De 'O tempo entre costuras', de María Dueñas, romance ambientado na Guerra Civil Espanhola e na ditadura franquista pinço este trecho que parece ser escrito para contar sobre o hoje.
Não se pode nem escrever o clássico "qualquer semelhança é mera coincidência".
Aliás, como o escritor Luiz Antônio Assis Brasil, também sinto falta de escritores brasileiros que escrevam romances sobre o seu tempo.
Cabe a pergunta: se o tempo é um continuum espaço-tempo escrever sobre um passado não traz um presente?
Reservadas as diferenças, o excerto do romance descreve claramente uma mesma fórmula ditatorial em qualquer tempo.
O que não invalida o reclamo do Assis Brasil.
Se hoje temos uma leitura aproximada da realidade agradeçamos aos escritores que ousaram escrever sobre o seu tempo.
Espero que prossigam publicados e lidos...
Porto Alegre, 06 de dezembro de 2016.
Foto: Divulgação/Boomerang TV
Edu Cezimbra
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