- O que me contas?!
- Nada a contar...
- Não te faz, conta... conta!
- Não sei contar, sou ruim de matemática...
- Fala sério...não enrola, conta logo!
- Mas, afinal, o que queres que te conte?!
- Como vai o mundo lá fora?
- Imundo...
- Ah, dá uma pista...
- Aí é mais caro!
- Dá um desconto...
Esse tipo de conversa não é de hoje. Antigamente as notícias eram sabidas bem depois do ocorrido e por isso ansiosamente aguardadas.
Os grandes acontecimentos do mundo ocorriam longe dos pequenos acontecimentos mundanos da pacata vida de cada um.
Era um viajante que contava as "novidades" e isso dependia da vontade de cada um.
- Oh!, se eu pudesse voltar ao passado com a experiência que tenho agora!
- O que farias?
- O que eu não faria...
- O quê?
- Viajaria mais...Até à aldeia mais próxima, quem sabe até ao burgo.
O passado era uma experiência a ser ambicionada e a nostalgia era valorizada. Afinal, tudo transcorria lentamente como a corrente de um largo rio e as conversas, por isso, adquiriam tons aventureiros.
- O que está lendo?
- Notícias...
- Sobre?
- Não sabes ler?!
- Não...
Depois (bem depois), com a invenção da imprensa apareceram os livros, e os jornais sustituiriam os contadores de história.
Porém, sempre havia os que não sabiam ler e esses tiveram que esperar pelo rádio para seguirem ouvindo histórias, mas isso já é outra história...
Porto Alegre, 24 de março de 2017.
Edu Cezimbra
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