sexta-feira, 10 de março de 2017

Ficção-científica


Arranha-céus (ainda em pé?, quero dizer, o termo), aerotrens pendurados em trilhos nas alturas, carros voadores que se cruzam velozmente sem colidir.

Andróides inteligentes, robôs, tecnologias médicas milagrosas que curam em poucos minutos, enfim, uma coleção interminável de máquinas piscantes.

Livros e muitos filmes tratam da ficção-científica, quase sempre com esse aparato miraculoso de alta tecnologia.

Por outro lado, aparecem nas telas cidades destruídas por hecatombes nucleares, poucos sobreviventes lutando entre si ou contra suas invenções cibernéticas.

Uma farta lista, especialmente de novos filmes, onde até o aquecimento global é pano de fundo de muita ação espetacular, imprescindível para fazer mais bilheteria.

São utopias e distopias (palavra mais recente, sintomática) que mexem com o imaginário cultural.

Há um outro gênero de ficção-científica, que vem de longa data e sempre recorrente , o das viagens espaciais.

Cheio de naves e estações espaciais tomadas por supercomputadores que impulsionam a colonização da Lua e de Marte, quando não de planetas em sistemas solares distantes milhares de anos-luz da nossa pequenina Terra.

Sinal dos tempos, há filmes em que a Terra devastada foi abandonada por sua elite dirigente e econômica, restando na Terra agrupamentos humanos que sofrem fome e todo tipo de privações.

Espera, mas isso não acontece realmente? Sim, acontece. 

E aí vem uma questão que é desconsiderada totalmente nessas obras de ficção: por que a realidade rivaliza com a ficção-científica em muitos pontos e até a supera?

Quando  fatos que assombraram o mundo nessas últimas décadas ocorrem aceleradamente em uma sucessão desconcertante até os ficcionistas são surpreendidos (que dirá os políticos).

Talvez, seja a hora de aceitarmos que nós humanos somos previsíveis, -  mas a vida e a história são imprevisíveis - e que temos que ser mais humildes e menos arrogantes.

Porto Alegre, 10 de março de 2017.

Foto: 2001: Uma Odisséia no Espaço (MGM)

Edu Cezimbra

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