segunda-feira, 21 de maio de 2018

De volta a Paris


Emile Zola, no romance “Teresa Raquin” descreve uma passagem da Ponte Nova (Pont Neuf) em Paris, "no princípio da Rua Guénégaud" como “uma espécie de corredor estreito e sombrio que vai da Rua Mazarino à Rua do Sena”.

Li este livro lá por 1980, na bela edição encadernada da Otto Pierre Editores, da coleção “Os Grandes Cllássicos”, que adquiria pelo reembolso postal, quando estudante de Odontologia em Pelotas.

O livro estava na casa de meus pais e depois de quase quarenta anos voltou às minhas mãos, com o amarelado dos anos, mas muito bem conservado.

Não posso dizer o mesmo da minha memória, já que quando andei próximo dessas ruas, em Paris, não lembrei desse livro.

Desconfio que a passagem descrita por Zola ainda esteja lá, agora mais comprida, ligando duas largas avenidas próxima à Pont Neuf.

E mesmo que tenha sido demolida durante as reformas urbanas de Paris, executadas por Haussmann, permanecem as ruas descritas detalhadamente por Zola, entre elas a “Rue Mazarine”, “Rue du Seine” e a “Rue Guénégaud”.

Camilo, primo e marido de Teresa, conforme a descrição de Zola, “ saía de casa às oito horas. Descia a Rua Guénégaud e chegava ao cais. Dali, em passoas lentos, as mãos nas algibeiras, seguia o Sena, do Instituto ao Jardim das Plantas.”

Não fiz o mesmo trajeto de Camilo, mas estive nos mesmos lugares, e certamente, teriam ainda mais significado se tivesse lembrado do livro de Zola.


Ao menos quando estive no Panteão (Panthéon) não me esqueci de prestar minha silenciosa homenagem a este grande escritor e intelectual francês que repousa ao lado de outro escritor do mesmo porte: Victor Hugo.

Ambos tiveram a coragem de enfrentar o establishment francês denunciando, o primeiro, a injustiça no “caso Dreyfus”, e o segundo impedindo a demolição do patrimônio arquitetônico de Paris.


Já tinha escrito em outra crônica que uma viagem só acaba quando esquecemos dela. Depois de começar a reler “Teresa Raquin” acrescento que uma viagem recomeça quando relemos um bom livro...

Porto Alegre, 21 de maio de 2018.
Imagens: arquivo pessoal
Edu Cezimbra

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