Um comerciante interessado em filosofia (do período clássico, óbvio) pergunta a um filósofo:
- O que tens a me contar sobre as virtudes e sobre o amor?
- As virtudes foram desvirtuadas, já não estão em voga... - proclama, estoicamente, o filósofo.
- E quanto ao amor?
O filósofo senta-se na pose clássica do Pensador.
- ...
- Nada tens a dizer sobre o amor?!! - questiona, estarrecido, o comerciante.
- Sobre o amor, a pergunta deve ser endereçada a um poeta... Um filósofo pode dissertar sobre o desamor.
O renitente comerciante não se dá por convencido.
- Ah, então o amor também foi desvirtuado!
O filósofo não se deixa enganar.
- O amor não é virtuoso, não há sofisma que o alcance...
- Entretanto, pelo que me dizes, um filósofo pode afirmar que o amor é insofismável! - insiste o astuto comerciante.
- O desamor é um sofisma , o amor não está ao alcance da razão pura - sentencia o filósofo.
Um poeta que escutava calado ao diálogo socrático intervém:
- Quando a flecha do Cupido é lançada, Psiquê perde a razão e quem reina é Vênus, a Deusa do Amor!
O filósofo apenas sorri.
O comerciante sacode a cabeça e sai da ágora em busca de uma hetaira para se consolar da falta de amor...
Porto Alegre, 19 de dezembro de 2019.
Imagem: Spangenberg, Google
Edu Cezimbra
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