quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Amor e Filosofia


Um comerciante interessado em filosofia (do período clássico, óbvio) pergunta a um filósofo:

- O que tens a me contar sobre as virtudes e sobre o amor?

- As virtudes foram desvirtuadas, já não estão em voga... - proclama, estoicamente, o filósofo.

- E quanto ao amor?

O filósofo senta-se na pose clássica do Pensador.

- ...

- Nada tens a dizer sobre o amor?!! - questiona, estarrecido, o comerciante.

- Sobre o amor, a pergunta deve ser endereçada a um poeta... Um filósofo pode dissertar sobre o desamor.

O renitente comerciante não se dá por convencido.

- Ah, então o amor também foi desvirtuado!

O filósofo não se deixa enganar.

- O amor não é virtuoso, não há sofisma que o alcance...

- Entretanto, pelo que me dizes, um filósofo pode afirmar que o amor é insofismável! - insiste o astuto comerciante.

- O desamor é um sofisma , o amor não está ao alcance da razão pura - sentencia o filósofo.

Um poeta que escutava calado ao diálogo socrático intervém:

- Quando a flecha do Cupido é lançada, Psiquê perde a razão e quem reina é Vênus, a Deusa do Amor!

O filósofo apenas sorri.

O comerciante sacode a cabeça e sai da ágora em busca de uma hetaira para se consolar da falta de amor...


Porto Alegre, 19 de dezembro de 2019.

Imagem: Spangenberg, Google

Edu Cezimbra



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