O caminho era de chão. Um saibro compactado realçava os passos dos caminhantes.
Dava um passo de cada vez, olhando longe...
O silêncio do lugar ermo era acentuado pelo vento. Folhas secas redemoinhavam e esfarelavam a cada passada.
Como o silêncio impera, qualquer movimento é ouvido nítida e sonoramente.
Um dia nublado sem a luz resplandecente do sol se torna lúgubre.
As árvores com grandes copas criam um túnel verde por onde se passa por entre a sombra.
Vem uma vontade de chegar em casa logo só para não passar na curva do caminho, onde espreita o desconhecido.
O que haverá depois da curva do caminho é sempre uma incógnita, ainda mais em dia de cerração.
E lá estava um desconhecido: um homem carrancudo, sentado em uma pedra no caminho, nos encarava desafiadoramente.
- ...
- O que ele falou? - pergunto para minha companheira de caminhada.
- O dia está bonito...
- Entendi que estava bom pra dormir. Quem resmunga deixa a cada um entender como quiser... - falo baixo.
- Quem comunga deixa prova de fé...
Os risos são abafados, mas animam os caminhantes, em dia frio e nublado, a prosseguir até a sua casa para dormir...
Porto Alegre, 22 de abril de 2019.
Imagem: arquivo do autor
Edu Cezimbra
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