segunda-feira, 22 de abril de 2019

A curva do caminho


O caminho era de chão. Um saibro compactado realçava os passos dos caminhantes.

Dava um passo de cada vez, olhando longe...

O silêncio do lugar ermo era acentuado pelo vento. Folhas secas redemoinhavam e esfarelavam a cada passada.

Como o silêncio impera, qualquer movimento é ouvido nítida e sonoramente. 

Um dia nublado sem a luz resplandecente do sol se torna lúgubre.

As árvores com grandes copas criam um túnel verde por onde se passa por entre a sombra.

Vem uma vontade de chegar em casa logo só para não passar na curva do caminho, onde espreita o desconhecido.

O que haverá depois da curva do caminho é sempre uma incógnita, ainda mais em dia de cerração.

E lá estava um desconhecido: um homem carrancudo, sentado em uma pedra no caminho, nos encarava desafiadoramente.

- ...

- O que ele falou? - pergunto para minha companheira de caminhada.

- O dia está bonito...

- Entendi que estava bom pra dormir. Quem resmunga deixa a cada um entender como quiser... - falo baixo.

- Quem comunga deixa prova de fé...

Os risos são abafados, mas animam os caminhantes, em dia frio e nublado, a prosseguir até a sua casa para dormir...


Porto Alegre, 22 de abril de 2019.

Imagem: arquivo do autor

Edu Cezimbra

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