Que eu saiba não existe uma dupla caipira "Miserável e Zé Povinho", o que também diz muito do imaginário social sobre a riqueza e a pobreza.
Ricos são bem-sucedidos, vencedores.
Pobres são fracassados, perdedores.
Já reparou que só existem "ganhadores" na loteria, nunca temos os "perdedores"...
As piadas são sobre os pobres, as ricos são motivo de coluna social.
Imagine se, de repente, a pobreza virasse status, se o "chic pauvre" se estabelecesse.
Colunista social cobrindo uma feijoada na laje da família Silva em detrimento do "happy hour" da família Setúbal.
Feijoada e caipirinha com pagode superando o caviar e champanhe com jazz...
Friso que estou falando do "mainstream" ocidental, judaico-cristão, capitalista.
Embora seja esse o pensamento hegemônico, consola (consolo de pobre?) saber que há outras sociedades que não se balizam pela riqueza, sinônimo de acumulação de bens materiais.
Um sábio indígena conta que, em algumas tribos brasileiras, se um dos membros começa a acumular reservas de alimentos e bebidas os outros vão em sua casa e fazem uma festança com suas reservas.
Instintivamente sabem que o acúmulo de riqueza é nocivo à tribo...
Talvez, se ao invés de uma "teologia da prosperidade" tivéssemos, digamos, a "teologia da sustentabilidade", todos seríamos contemplados com o "bem viver"...
Não custa sonhar!
Porto Alegre, 06 de abril de 2019.
Imagem: Pinterest
Edu Cezimbra
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