quinta-feira, 11 de abril de 2019

Conto Fabuloso


O professor de distinto cavanhaque iniciou a aula com uma sentença:

- Um conto pode ser fabuloso se contar com animais.

Imediatamente foi interrompido por um aluno de óculos de aro de tartaruga e orelhas curtas.

- Data venia, aí é fábula, augusto professor.

- Então, nobre discípulo, a fábula nada mais é que um conto de animais.


Um outro aluno,  muito peludo, para não deixar por menos, perguntou:

- Tipo assim, contos de fadas?...

A gargalhada foi geral, até o professor disfarçou um sorriso divertido...

- Veja bem, esforçado aluno, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Contos de Fadas contém fadas, por óbvio, já contos de animais exigem animais, entendeu a diferença?

- Sim, amado professor!!! - respondeu em uníssono a aplicada classe.

- Muito bem, vamos prosseguir com a lição de hoje: vamos imaginar um conto fabuloso, alguém tem alguma sugestão para iniciarmos?

Uma garotinha tímida levantou a patinha e murmurou:

- Eu gosto de cachorrinhos...

Logo começaram os risinhos contidos dos coleguinhas seguidos da exclamação.

- A Filó gosta do Totó!!!

- Silêncio, turma, vamos prosseguir! Um outro animal para nosso conto fabuloso?

- Professor, que tal um "Gato de Botas" no conto fabuloso? - disse uma outra aluna de bigodes.

- Muito interessante, estimada aprendiz! Mas, espere, "O Gato de Botas" é uma fábula ou um conto de fadas?!

O professor espertamente lançou um bode na sala... de aula, puxando a brasa para seu assado, ou farinha pro seu pirão, como quiser, ilustre professor.

Logo instalou-se a polêmica, interrompida por um pequenino que botou seu focinho pra fora de sua toca.

- Eu não gosto de gato!!!

Foi o que bastou pros gatos correrem atrás dos ratos, os cachorros correrem atrás dos gatos e o bode  na sala de aula ficar sem audiência...

Moral da fábula: quando tem bode na sala os animais correm para longe. 


Porto Alegre, 11 de abril de 2019.

Imagem: Mercer Mayer, Pinterest

Edu Cezimbra

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