O professor de distinto cavanhaque iniciou a aula com uma sentença:
- Um conto pode ser fabuloso se contar com animais.
Imediatamente foi interrompido por um aluno de óculos de aro de tartaruga e orelhas curtas.
- Data venia, aí é fábula, augusto professor.
- Então, nobre discípulo, a fábula nada mais é que um conto de animais.
Um outro aluno, muito peludo, para não deixar por menos, perguntou:
- Tipo assim, contos de fadas?...
A gargalhada foi geral, até o professor disfarçou um sorriso divertido...
- Veja bem, esforçado aluno, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Contos de Fadas contém fadas, por óbvio, já contos de animais exigem animais, entendeu a diferença?
- Sim, amado professor!!! - respondeu em uníssono a aplicada classe.
- Muito bem, vamos prosseguir com a lição de hoje: vamos imaginar um conto fabuloso, alguém tem alguma sugestão para iniciarmos?
Uma garotinha tímida levantou a patinha e murmurou:
- Eu gosto de cachorrinhos...
Logo começaram os risinhos contidos dos coleguinhas seguidos da exclamação.
- A Filó gosta do Totó!!!
- Silêncio, turma, vamos prosseguir! Um outro animal para nosso conto fabuloso?
- Professor, que tal um "Gato de Botas" no conto fabuloso? - disse uma outra aluna de bigodes.
- Muito interessante, estimada aprendiz! Mas, espere, "O Gato de Botas" é uma fábula ou um conto de fadas?!
O professor espertamente lançou um bode na sala... de aula, puxando a brasa para seu assado, ou farinha pro seu pirão, como quiser, ilustre professor.
Logo instalou-se a polêmica, interrompida por um pequenino que botou seu focinho pra fora de sua toca.
- Eu não gosto de gato!!!
Foi o que bastou pros gatos correrem atrás dos ratos, os cachorros correrem atrás dos gatos e o bode na sala de aula ficar sem audiência...
Moral da fábula: quando tem bode na sala os animais correm para longe.
Porto Alegre, 11 de abril de 2019.
Imagem: Mercer Mayer, Pinterest
Edu Cezimbra
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