"Demais não há motivos para nos inquietarmos a esse respeito: quase sempre as massas não lhes reconhecem esse direito: cortam-lhes a cabeça ou enforcam-nos (mais ou menos) e, desse modo exercem a sua missão conservadora até o dia em que essas mesmas massas erigem estátuas a esses mesmos supliciados e os veneram (mais ou menos). O primeiro grupo é sempre senhor do presente, e o segundo é senhor do futuro. Um conserva o mundo, multiplica-lhe os habitantes; o outro move o mundo e o dirige.”
Raskolnikof, personagem principal de "Crime e Castigo" de Dostoievski, é um jovem estudante russo que diz que "o homem é pusilânime, conforma-se com tudo."
Não busquemos coerência entre a citação e o parágrafo anterior. O que este escritor russo expressa categoricamente é a condição humana complexa e que antecipa, de certa forma, um conflito existencial que, aí sim, perpassa a alma de todos os homens: a dualidade. Esta nunca é relativizada, mas colocada em conflito: ou se é bom ou mau, pusilânime ou corajoso, massa ou vanguarda, quando, na realidade, o que ocorre é uma alternância de sentimentos, atitudes e ideologias ao sabor dos ventos.
Sempre é bom retomar a leituras dos clássicos da literatura pois nos suscitam questões atemporais...
Edu Cezimbra
Foto: Francisco Cezimbra
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