segunda-feira, 28 de março de 2016

Manhãs de chuva


I

Aos poucos vou assumindo meu lado crítico nestas manhãs de chuva...

Percebo nitidamente o controle social. 

Cada qual policiando, se policiando...

Força poderosa... Detém todos os impulsos "anti-sociais" (receita infalível dos 

donos do poder)!

Drogas, eu não, Deus me livre!

Machistas  são os outros.

Revolução, que é isso, companheiro?!

O que mais? Um monte de preconceitos, tabus, repressão, superstições que 

somados dão neste atoleiro que estamos metidos até o pescoço...

II

Aos poucos, mas bem aos poucos, vou descobrindo o que não queria...

E essas horas de solidão e chuva ajudam muito.

Assim, enquanto a chuva cai lá fora, também me molho por dentro. 

São lágrimas que não derramo, que rolam aos borbotões para dentro de mim.

Por que começo a perceber o vazio de tudo...

Uma imagem surge... Estou, aos poucos, me enchendo com lágrimas feito um 

bebedouro de vidro.

Percebo que não estou mais vazio...


"Foi lá por 86"

Edu Cezimbra


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