O autor da citação acima é o Zé Perdiz, um homem do povo, pobre, mecânico de dia, e homem da cena teatral brasiliense de noite, pois transforma sua oficina em teatro, e que se sabe 'politizado' e logo traído e, por isso, um sofredor."O não-politizado é como marido que é traído e não sabe."
Em sua consciẽncia política sabe que o 'não-politizado' não sofre conscientemente com os desmando dos políticos brasileiros. Ao menos, não se dão conta disso, apesar das reclamações cotidianas...
Com outro discurso, mas abordando o mesmo tema, Pedro Serrano, acadêmico do Direito e articulista manifesta assim essa questão em seu livro 'A Justiça na sociedade do espetáculo':
" O povo pobre brasileiro só recebe do Estado obrigações e violência.
A ausência real de universalização dos direitos fundamentais da pessoa humana em nossa sociedade é o sintoma claro de uma cultura fascista, genocida e esquizóide que ainda existe em meio a nossa ordem democrática e pela qual todos somos em alguma medida responsáveis."
O 'povo pobre brasileiro' não é o mesmo que o 'pobre povo brasileiro', embora dele faça parte. É parte do 'povo', uma das categorias fundamentais que constituem um país, segundo a geografia básica, embora com nenhuma ou pouca participação política.
Seria o 'não-politizado' da classificação empírica do Zé Perdiz...
'Pobre povo brasileiro' é uma alcunha que me valho para um contraponto, digamos, uma extrapolação da expressão 'povo pobre brasileiro' do acadêmico Pedro Serrano.
Quaisquer das expressões é uma adjetivação do povo constituinte da nação brasileira.
'Pobre nação brasileira' afundada no fosso entre seus poucos ricos e seus muitos pobres...
Como disse o escritor moçambicano Mia Couto: "A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos."...
Conhecendo um pouco do Mia Couto quero crer que riqueza para ele tenha mais a ver com cultura, educação, saúde, democracia, justiça do que com apenas acesso a bens materiais.
Para concluir apelo para o genial poeta português Fernando Pessoa, parafraseando um dos versos de 'Mensagem': Senhor, falta cumprir-se o Brasil.
Porto Alegre, 5 de outubro de 2016.
Edu Cezimbra
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