quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A energia do medo


William Kemmler entrou para a história como o primeiro homem a ser executado em uma 'cadeira elétrica' nos EUA. 

Enquanto cometia seu delito (sujeito à pena capital), ocorria a 'guerra das correntes', - entre Tesla e Edson -, pelo controle da distribuição da energia elétrica em Nova Iorque.

A 'guerra das correntes' chegou ao ponto de fazer uma das primeiras campanhas publicitárias milionárias baseadas no medo.

O publicitário contratado por Thomas Edson armava espetáculos públicos eletrocutando cães, bezerros e outros animais maiores para comprovar os perigos da corrente alternada de Tesla e a favor da corrente contínua de Edson. 

Há mesmo uma energia, eletricidade do medo, quem sofre um grande susto, fica em choque. 

O próprio Tesla sofria de fobias tais como medo de germes e de mulheres com colares de pérolas, tanto que se isolou em um quarto de hotel no final de sua vida.

O medo tem muitas faces: enquanto brilham as estrelas no céu, a noite tem suas sombras que tomam a forma de muitos medos.

Que cara tem o teu medo? Como teu medo se manifesta? 

O que nos amedronta é o que não queremos pensar, muito menos encarar...

Já pensou? "Tenho medo até de pensar"...

Mas não entre em pânico, isto é, não se deixe agarrar por Pã, essa criatura selvagem, com pés de cabra e chifres.

Pã é uma entidade da natureza com aparência medonha que representa as forças vitais da natureza e foi demonizada pelo cristianismo.

O medo também é um grande filão da indústria do cinema com seus filmes de terror.

A fórmula infalível é o de uma ou várias criaturas medonhas que aparecem do nada em um lugar escuro.

Por que tanta atração por filmes de terror? Talvez para materializar o medo em uma figura aterrorizante que se sabe não existir fora da tela.

E que causa aquele arrepio de medo...

Outra campanha publicitária maciça é o que se autoproclamou de 'guerra ao terror'. Quantas mentiras, estereótipos e calúnias contra os árabes de fé islâmica para se apossarem de seu petróleo gerarador de energia.

Podemos dizer que o medo do terrorismo gera energia. Soaria engraçado não fossem as milhares de mortes nos países invadidos pelos EUA e seus aliados ocidentais. 

Paradoxalmente, a iluminação pública de Tesla nas cidades trocou o medo do escuro pelo medo de estranhos na noite, em especial dos 'potenciais suspeitos da polícia', pessoas de pele escura, os negros, maiores vítimas dos preconceitos raciais.

Visto sob essa forma até parece que não é a poluição luminosa - mas o medo do escuro - que impede o brilho das estrelas...


Porto Alegre, 21 de setembro de 2016.

Edu Cezimbra

 



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