Das calmas noites de lua cheia e nevoeiro, da calada de uma noite fria, surge a figura de um andarilho.
É um indigente, um brasileiro comum, como muitos de muitos que perambulam famintos pelas ruelas sórdidas das metrópoles brasílicas.
Não tem paradeiro. Só tem de muito seu a fome inadiável, urgente.
Por isso seus passos são trôpegos, suas palavras balbuciantes como as de um ancião decrépito.
Após tantos descaminhos chega a uma rua muito larga, fracamente iluminada por um vacilante poste de luz competindo com o clarão da lua cheia.
É um momento trágico, até solene na sua solidão.
O pobre brasileiro se permite todos os delírios agora que não sente nem a dor lancinante de seu estômago vazio, nem a completa compreensão da têmpora latejando.
Ele vê e acredita no que vê... Uma imensa massa humana a escorrer na avenida, que lhe trazem todas as vontades irrealizadas entoando palavras de ordem e empunhando tochas e estandartes:
Você, brasileiro, merece morrer
Você, brasileiro, que não chorou
Agora, já pode chorar
Porque chegou seu fim
Você não tem escolha
É o seu destino fatal!
E, enquanto entoavam tal diatribe aproximavam-se com os olhos paralisados, injetados de sangue, vestindo ternos pretos e gravata. Não tinham cabelos, exalando misticismo pelos poros.
O pobre brasileiro, coitado, a essa altura mal se sustentava em pé tal o pavor que a visão lhe impunha. Mal sabia ele que aquilo tudo era o início de uma longa iniciação pelos mistérios de uma seita antiga que o tinha eleito para bode expiatório.
Desde os tempos coloniais, inspirados por crenças medievais, que a seita elegia um bode expiatório para o ritual secreto de perpetuação do seu poder.
Eis que o pobre brasileiro, mais uma vez, surgia trêmulo à sua frente...
"Foi lá por 86"
Edu cezimbra
Haveremos de vencer!
ResponderExcluirVenceremos!
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